Mas que diabos é BRT?
Nesta semana, uma usuária do Criticar BH reclamou dos
ônibus da linha 2212. Pelo que foi relatado (e que entendi), a explicação que o
órgão responsável pelo transporte público em Belo Horizonte deu
para a usuária foi que será implantado o BRT – Bus Rapid Transit – e só. Isso
para mim não é resposta e nem a solução dos problemas das milhares de pessoas
que utilizam o transporte público na cidade.
O BRT não resolverá a situação enquanto não estiver
funcionando. Até lá, teremos que conviver com o pouco número de veículos em
horário de pico, com greves de funcionários do sistema, passagens com preço
elevado, ônibus lotados em todos os horários, obras que parecem intermináveis,
engarrafamentos, ou seja, teremos que viver com o sistema precário e ruim que
temos em BH. Mas
a reclamação da usuária me trouxe um questionamento que talvez não seja só meu.
Afinal, o que é esse BRT, como ele pode
mudar minha vida e quais benefícios ele trará? Eu, sinceramente, me sinto
mal informada em relação a isso porque não busquei informações e também não vi
nenhuma daquelas propagandas maravilhosas da PBH me explicando o que é essa
engenhoca que promete mudar o sistema de transporte da cidade.
Buscando informações, encontrei na web o Manual do BRT.
Este manual traz informações sobre o planejamento, a implementação e a
manutenção do sistema. O documento é bem organizado, com várias imagens e
explicações que “matam a curiosidade” de uma leiga, como eu.
De acordo com o manual, o BRT é “um sistema de transporte
de ônibus de alta qualidade que realiza mobilidade urbana rápida e eficiente e
com custo eficiente (...)”. O sistema imita características e desempenho do
transporte sobre trilhos, mas com custo de implantação mais baixo. O transporte
é realizado em corredores exclusivos para ônibus, com “estações” de embarque e
desembarque, sem intersecções e semáforos. Nada mais que uma busway muito melhorada.
Um serviço padrão de BRT tem a capacidade de transportar
13.000 pessoas, por hora e por sentido, com velocidade de 23 a 39 km/h . Parece pouca
gente, mas nosso trem chegou à sua capacidade máxima, 200.00 por dia. No
entanto, ele é mais rápido, chega à 80km/h. O sistema de BRT que tem maior
capacidade é o de Bogotá, 42.000 passageiros por hora e por sentido.
Os primeiros sistemas implantados, no mundo, foram os de
Curitiba e o de Bogotá, mas existem BRT’s na Austrália, Japão, França,
Inglaterra, EUA, México, Equador e alguns países da África. No Brasil, o manual
informa que sistemas parecidos foram implantados em São Paulo (1975),
Goiânia (1976), Porto Alegre (1977) e Belo Horizonte, incrivelmente implantado
em 1981. O maior sistema de BRT do mundo é o de São Paulo, com 142 km de extensão.
Uma parte importante do manual fala do projeto de
comunicação do BRT. Não pode haver falhas de comunicação sobre a implantação do
sistema. Todos os envolvidos, afetados, beneficiados e demais agentes devem ser
informados. Deve haver estratégias de comunicação para todos os públicos,
inclusive a população como um todo, que seria a mais afetada e beneficiada. “O
processo de planejamento do projeto pode se beneficiar de informações coletadas
diretamente junto aos cidadãos. (...) Um processo de participação pública
substancial no qual idéias e recomendações são solicitadas de vários cidadãos pode ser um meio eficiente para ajudar
a execução de um projeto de alta qualidade”. Sinceramente, não vi empenho do
poder público em “perguntar” à própria população o que seria melhor para ela. E
também não vi esforços para nos mostrar o que é realmente o sistema de BRT.
Pelo que entendi, no manual, o BRT seria o sistema
perfeito de transporte, mas, por enquanto, me parece uma ótima desculpa para
não melhorar o sistema público de BH, pelo menos até 2014. Vou continuar
falando dele no próximo post.
Para conhecer o Manual do BRT acesse:
Até mais!
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