Erika Valentim

Não tive a oportunidade de participar dos blocos durante o feriado de carnaval, mas ontem pude ver, de perto, a ocupação da cidade de uma forma divertida e bem humorada. Sair de seus bairros e seguir para a Praça da Rodoviária (diga-se, a praça mais feia da cidade, com o monumento mais esquisito que existe) onde havia uma pequena estrutura de banheiros e lixeiras e depois descer, pela Rua dos Guaicurus, para nossa praça símbolo da ocupação da cidade, a Praça da Estação. Mesmo que tenham ficado umas poucas pessoas pela Praça da Estação, ainda sim o clima de carnaval (e de protesto) se manteve. Foi realmente bonito ver tantas cores, brilhos e alegria. Foi bom ver um “judas” do Lacerda, um rapaz batendo panela e ouvir a música dos blocos reunidos. Se todo carnaval tem seu fim, eu não sei. Mas se for verdade, o pessoal de BH fechou o carnaval deste ano em alta. E que no ano que vem tenhamos mais blocos, mais festa, mais carnaval. Só não podemos deixar de protestar, ocupar e que...

O carnaval vai se aproximando e quem não se programou antecipadamente fica naquela ansiedade de saber o que fazer, porque ficar em BH não parece uma boa opção, ainda mais para quem quer folia. Acho que isso já passou e que as pessoas que ficarem na cidade se surpreenderão com o que está programado para acontecer durante os cinco dias de folia. Todos sabemos que nosso carnaval tem sido retomado pelos blocos criados nos bairros, nos últimos três anos, e pelos que já existiam. Além dos blocos, há ainda bons eventos acontecendo, como a 38ª Campanha de popularização do Teatro e da Dança e a Restaurant Week. Buscando coisinhas para fazer entre os dias 17 e 21 de fevereiro, listei um pequeno roteiro do que gostaria de participar, ver e comer se ficar em Belo Horizonte na semana da folia e resolvi compartilhar com vocês. 17 Sexta-feira Bloco do Beijo Elétrico Local: Praça da Savassi Horário: a partir das 18h Peça: Palhaços Local : SESC Palladium Horário : 21h Valor : R$10 ...

Eu não poderei ir, mas vale a pena para quem puder. Povo de Belo Horizonte, vamos ocupar nossa casa. Ocupe a Câmara de Vereadores!

Para começar esta nova empreitada, escolhi falar de um filme muito aplaudido (de pé) e vencedor na 15ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Um filme que me fez refletir sobre a vivência na cidade a partir da periferia, da parte esquecida e, posso dizer, excluída da vida (e da vista) da cidade. “A cidade é uma só?”, do cineasta da Ceilândia, Adirley Queirós, foi realizado para as comemorações dos 50 anos de Brasília. O filme mistura representações, algumas narrativas que me pareceram ficcionais e, principalmente, documentário. A discussão perpassa pelo mote da exclusão social e de território de parte da população de Brasília. A reflexão de “A cidade é uma só?” se inicia na Ceilândia, região do Distrito Federal em que foram “jogadas” as famílias que moravam em vilas nos arredores de Brasília na década de 70. Pelos caminhos de três personagens, todos relacionados à Ceilândia - um cômico candidato a deputado distrital, uma moradora que discute a cidade em forma de música e um vendedor/compra...